Leda Coletti
Antigamente as
pessoas manifestavam seu afeto não por toques físicos de carinho, mas sim por
gestos e palavras, as quais só num futuro distante (agora presente) pudemos entender
e valorizar. Daí virou passado, mas não importa, a lembrança ficou presente e
passou a ser entendida como dádiva preciosa. Tomo como ponto de referência, meus
avós maternos, para nós os “nonos italianos”. Eles não tinham o costume de
expressar seus sentimentos, beijando ou abraçando os netos, mas o sorriso com
que nos recebiam quando osculando uma de suas mãos pedíamos-lhes a benção, eram
sinais de manifestação que nos amavam muito; também a suculenta sopa ou
macarronada com o macarrão feito em casa como apreciávamos, sempre a nos
brindar nas visitas.
Já o avô paterno
que parecia avesso às carícias e abraços não chegava sem o pacote de balas
quando nos visitava. Fazia-me sentir importante ao me chamar para uma
“partidinha” de baralho. Geralmente ele ganhava e arrematava o jogo com uma
risada gostosa, dizendo para me arreliar: “você não serve pra jogar estas
cartas: é menina dos livros”. Isso, porque percebia que eu estava sempre a ler
histórias de autores infantis. Isso me envaidecia.
Até as
designações: ” como você está bonita e
gordinha ”, ( ainda não usavam o
sinônimo “fofinha”), que as tias e amigas dos familiares usavam, eram ditas
para agradar. Bem diferentes das atuais, onde os pais são mais abertos e
espontâneos com filhos e netos. São louváveis esses comportamentos, como também
os do passado, embora estes últimos, sendo tímidos e sem toques físicos. Na
ocasião nem percebíamos serem provas do quanto nos estimavam. Só agora, quando
todos se foram no quase inverno é que os reconhecemos como carinhos, amor...
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