O DIVINO POUSOU
Elizabete Bortolin
E
o Espírito Divino pousou
Sobre
a alma daquele homem
Que
andava sobre as águas
Trazendo
bênçãos e talentos.
Sua
paz se manifestou
Aos
homens de boa vontade
A
fé e a esperança renasceram
No
coração dos que acreditaram.
E
o amor...Oh! o Amor
Embalando
a todos eles
Como
o Prático guia o navio
Levava
a todos na direção certa.
O
MENINO, O ESPÍRITO SANTO E O PAI
Adolpho
Queiroz
Foi
numa festa do século passado, que levei meu menino nos ombros pela primeira vez
a participar de uma Festa do Divino. Pedíamos proteção à saúde dele e ao bem
estar da familia. Da capela, carreguei-o nos ombros e saímos pela procissão, um
sobre o outro, como um remo erguido dos Irmãos do Rio de Baixo, que conduzem
seus barcos com remadas vigorosas, sempre ao encontro do Divino.
Passamos pelas mortalhas dos pagadores de promessas e incorporamo-nos
ao rio de Gente, que ao lado do Piracicaba, espraiava sua fé pelas ruas.
Rezávamos, cantávamos as músicas, ouvíamos a banda e aprendíamos um novo
caminhar. Juntos. A vida tinha nos reservado aqueles momentos de emoção e fé. Nas
ruas, as pessoas olhavam o meu menino e ele começava a olhar a vida lá de cima,
na esperança de um caminhar igual aos demais.
Seguíamos até o final da procissão, voltávamos,
encontrávamos um local próximo onde aconteceria o encontro das barcas e por lá
aguardávamos o foguetório, a soltura das pombas em mais um momento que nos
trazia imensa alegria. Aí o menino já não estava mais sobre meus ombros. Ele
caminhava com o apoio do pai e da mãe.
Foram 10 anos de lutas, esperanças renovadas, aprendizado
contra o contraditório da vida e muitas conquistas para que o seu caminhar
pudesse ser seguro. No último ano da nossa trajetória,
fomos surpreendidos por um rojão que explodiu ao nosso lado ,num dia em que
houve até feridos entre os Irmãos do Rio de Baixo.Com receio, entendi que
aquele era o sinal de que a promessa estava cumprida.
Anos depois, levei meu menino no barco do Divino, descemos
entre as cantorias e ladainhas e voltamos ao porto seguro da rua do Porto. O
meu menino, já homenzinho, sorria feliz com o passeio no barco da fé. As mãos
que lhe estendi lá atrás, hoje ele me estende, com carinho e generosidade,
nestes dias de tantas dificuldades. Somos o mesmo remo, ereto, com fé, que
busca nas lembranças do passado, a continuidade do nosso caminhar. Sempre
juntos.
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