Batalha Perdida
Corriam os anos dourados, nos fins dos anos sessenta, quando ainda existiam professores que realmente ensinavam com orgulho.
Era a época em que se dava mais importância a deveres cumpridos do que a direitos exigidos, pois a teoria era que, quando todos cumprem seu dever, não há direitos a serem exigidos.
O jovem de quinze anos estudava na escola pública e, naquela época, as escolas públicas eram melhores do que as particulares.
O jovem estava feliz, pois se aproximava o final de ano e, junto com ele, as férias escolares; antes porém, teria que transpor os obstáculos dos exames finais.
Durante o ano todo tivera notas baixas nas provas bimestrais e agora, para o exame final, bastaria estudar um pouco para vencer novamente aquele ano letivo.
O dia fatídico chegou e, quando foi verificar as notas, não podia acreditar, em vermelho estava escrito “reprovado” na matéria desenho geométrico .
O sangue subiu à cabeça, e num ímpeto de vergonha e raiva, pensou em jogar ácido muriático daquele vidro que tinha em casa, no capô e no teto do carro do professor.
Não levou adiante o intento e resolveu apenas falar com o mestre.
No diálogo, o professor responde calmamente com a convicção de quem cumpriu seu dever:
– Cássio, você foi reprovado por meio ponto, mas eu não pos¬so lhe dar esse meio ponto porque você não mereceu.Vi suas notas desde o primeiro ano ginasial e você, todo ano, tira notas baixas todos os meses e só no exame final se esforça para passar de ano. Portanto, você é inteligente, mas preguiçoso. Será inapelavelmente reprovado e um dia no futuro irá me agradecer.
Saindo dali, o jovem sentiu o gosto da derrota. Perdera o ano, enquanto seus colegas passaram à sua frente.
O ano seguinte se iniciou e outro, mais outros anos se passaram, e dali em diante, Cássio também passou a tirar somente notas altas durante todo o ano, tornando-se ótimo aluno.
Assim, após esta transformação, passou também na faculdade de medicina.
Já formado médico, após doze anos, numa tarde entra em seu consultório aquele professor para se submeter a um exame. Começam a conversar sobre os velhos tempos, pois nunca mais haviam se encontrado.
Relembram a reprovação, quando o ex-aluno diz:
– Professor Costa, quero lhe agradecer pelo senhor ter um dia me reprovado, pois se não o fizesse, hoje eu não estaria aqui fazendo este exame, continuaria preguiçoso e não teria me formado médico.
Os olhos do velho professor se enchem de lágrimas e ele diz:
– Caro doutor, muitas vezes é necessário perder uma batalha para se ganhar uma guerra.
Era a época em que se dava mais importância a deveres cumpridos do que a direitos exigidos, pois a teoria era que, quando todos cumprem seu dever, não há direitos a serem exigidos.
O jovem de quinze anos estudava na escola pública e, naquela época, as escolas públicas eram melhores do que as particulares.
O jovem estava feliz, pois se aproximava o final de ano e, junto com ele, as férias escolares; antes porém, teria que transpor os obstáculos dos exames finais.
Durante o ano todo tivera notas baixas nas provas bimestrais e agora, para o exame final, bastaria estudar um pouco para vencer novamente aquele ano letivo.
O dia fatídico chegou e, quando foi verificar as notas, não podia acreditar, em vermelho estava escrito “reprovado” na matéria desenho geométrico .
O sangue subiu à cabeça, e num ímpeto de vergonha e raiva, pensou em jogar ácido muriático daquele vidro que tinha em casa, no capô e no teto do carro do professor.
Não levou adiante o intento e resolveu apenas falar com o mestre.
No diálogo, o professor responde calmamente com a convicção de quem cumpriu seu dever:
– Cássio, você foi reprovado por meio ponto, mas eu não pos¬so lhe dar esse meio ponto porque você não mereceu.Vi suas notas desde o primeiro ano ginasial e você, todo ano, tira notas baixas todos os meses e só no exame final se esforça para passar de ano. Portanto, você é inteligente, mas preguiçoso. Será inapelavelmente reprovado e um dia no futuro irá me agradecer.
Saindo dali, o jovem sentiu o gosto da derrota. Perdera o ano, enquanto seus colegas passaram à sua frente.
O ano seguinte se iniciou e outro, mais outros anos se passaram, e dali em diante, Cássio também passou a tirar somente notas altas durante todo o ano, tornando-se ótimo aluno.
Assim, após esta transformação, passou também na faculdade de medicina.
Já formado médico, após doze anos, numa tarde entra em seu consultório aquele professor para se submeter a um exame. Começam a conversar sobre os velhos tempos, pois nunca mais haviam se encontrado.
Relembram a reprovação, quando o ex-aluno diz:
– Professor Costa, quero lhe agradecer pelo senhor ter um dia me reprovado, pois se não o fizesse, hoje eu não estaria aqui fazendo este exame, continuaria preguiçoso e não teria me formado médico.
Os olhos do velho professor se enchem de lágrimas e ele diz:
– Caro doutor, muitas vezes é necessário perder uma batalha para se ganhar uma guerra.
(Texto escrito em homenagem ao professor Benedito Evangelista Costa, meu professor no Sud Mennucci e patrono na APL)
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