Síria: onde se ouve a voz da História
O Oriente Médio tem posição privilegiada na história da humanidade. As nações que compõem a região são originárias de civilizações milenares, cujos costumes permanecem até hoje, tanto nas culturas locais quanto disseminados pela sociedade moderna ocidental.
Entre os herdeiros dessa tradição está a Síria, considerada o Portão da História, por ter servido como via de acesso do comércio entre o Mediterrâneo e o Oriente, ter levado o alfabeto ao Ocidente e também por ter sido uma terra de transição entre as divindades regionais e a fé monoteísta. A Síria é “onde a voz da história pode ser ouvida, onde o solo imprime as marcas das primeiras civilizações, algumas delas datando do 4° milênio a.C.”, como afirma a revista da Câmara do Comércio Árabe-Brasileira, além das notáveis reportagens históricas divulgadas pela revista “Cham’s”, pela Gazeta “Al Nur” e dezenas de livros históricos, que se encontram na biblioteca da Sociedade Sírio-Libanesa de Piracicaba.
A ocupação da área que hoje compreende a Síria teve início por volta de 9 mil anos a.C., quando grupos de caçadores optaram pelo cultivo de terras, se fixaram na região e ao longo de 6 mil anos desenvolveram o comércio e urbanizaram as comunidades - O que contribuiu para a formação de diversos povos. Entre os fatos mais importantes está a invenção da escrita cuneiforme, na cidade de Ebla, a 3 mil anos a.C.
Desse período até a chegada dos árabes, dominaram a região amonitas, hititas, fenícios, egípcios, arameus, persas, gregos, roma¬nos e assírios (de onde vem o nome do país Síria). Todos eles deixaram suas marcas e contribuíram para o caldeirão cultural das terras sírias, que conquistaram sua primeira independência em 1941 e, somente em 16 de abril de 1946, sua total independência e a procla-mação da República, com a retirada de todas as tropas estrangeiras.
Os imigrantes árabes do Brasil são procedentes da Síria, Lí¬bano e Palestina. Quando se iniciou a imigração, em fins do século XIX, o Império Otomano ainda dominava a região e a grande maioria dos imigrantes chegava com passaporte turco, vindo assim a serem conhecidos por “turcos”, termo este usado pejorativamente e que deturpava a verdadeira identidade nacional dos imigrados.
Em São José do Rio Preto, conforme informa Truzzi, o árabe falado por sírios e libaneses provocou muito mais que chacota e desconfiança. Em 1906, o aguerrido vereador “nacionalista” Por-fírio Pimentel indicou a seus pares edis a aprovação do seguinte projeto:
“A bem popular e bem do governo Municipal desta cidade:
1) Todos os negociantes árabes e turcos desta cidade não poderão continuar no comércio deste Município sem ter um guarda-livros, esse que seja brasileiro, dentro de 30 dias (...)
2) Todos os turcos que falarem na língua turca perto de um brasileiro, por cada vez que falar, multa de 10$000, paga na boca do cofre Municipal. Todo brasileiro que ouvir eles falando e não der parte ao fiscal, multa de 10$000.”
A partir daí, um trabalho de esclarecimento e diferenciação começa a ser promovido pelos imigrantes, tanto nas suas relações pessoais como na imprensa árabe e brasileira. Exemplos sobeja¬mente conhecidos pelos brasileiros são as centenas de instituições e escolas fundadas pelos árabes, como a rua 25 de Março, conhecida até hoje como o núcleo comercial por excelência, de brasileiros árabes; a nossa Sociedade Beneficente Sírio-Libanesa de Piracicaba; o Hospital Sírio-Libanês, entre os maiores e mais conceituados do mundo; o Clube Homus de São Paulo; o Clube Atlético Monte Lí¬bano etc.
Entidades árabes no Brasil: 322. Em São Paulo: 181.55
Líbano
A costa libanesa foi outrora base do poderoso império comercial fenício. Desde essa etnia, a região foi ocupada por assírios, persas, gregos, turcos otomanos, ingleses e franceses. Em 1941, o Líbano conquistou sua independência, após 21 anos sob mandato francês.
Dotado de extenso litoral no Mediterrâneo, praias belíssimas palmas e jardins exuberantes, com uma soberba paisagem natural, constituída de montanhas, o Líbano é provavelmente o mais atraente recanto de todo o Oriente Médio, de onde imigraram milhares de nobres famílias para o Brasil e grande número para a cidade de Piracicaba.
Por feliz coincidência, ontem recebemos, do Senado Federal, cópia do Projeto de Lei n° 445, de 19/11/08, de autoria do Senador Romeu Tuma, que instituiu o dia 22 de novembro como o “Dia da Comunidade Libanesa no Brasil”.
O cedro do Líbano, que é o seu símbolo, é uma árvore muito antiga. Existem muitos tipos de cedros, mas o cedro do Líbano é o mais velho, o mais forte e o mais bonito, podendo viver centenas de anos, e por isso marcou sua presença na história da humanidade. A Fenícia, como era chamada antigamente, ocupava o atual Líbano, que se localiza no continente asiático.
As atividades árabes desenvolvidas nas áreas do comércio, da cultura e da benemerência, em Piracicaba, deram origem à Praça Sírio-Libanesa, em 1967, onde se edificou um destacado monumento. No centenário da fundação da Sociedade Beneficente Sírio-Libanesa, em 2002, construiu-se um Portal, no início da Rua Governador Pedro de Toledo, simbolizando a entrada imigratória dos sírios e libaneses em nossa cidade.
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