Ivana Maria França de Negri - cadeira no 33 |
Plagium – termo usado na antiga Roma para designar o furto de pessoas livres que eram vendidas como escravas. O ladrão era conhecido como plagiarius. Mais tarde, o termo foi usado por um poeta de nome Marcial para escritores que copiavam seu trabalho.
O plágio, tal como se aplica a palavra hoje, configura-se não só na apropriação indébita de textos literários, mas também de partituras musicais e nas artes plásticas.
Não se sabe muito bem até que ponto uma obra pode ser considerada adaptação artística ou uma simples cópia mesmo. Os parâmetros variam.
O autor da fraude quando copia, pensa que nunca será apanhado. Mas se for premiado e divulgado, a chance de alguém reconhecer a cópia aumenta bastante.
Hoje em dia, com a Internet, plagiar se tornou banal. Estudantes copiam e colam textos em trabalhos escolares e nem se dão ao trabalho de apagar o rodapé onde se lê o endereço do site utilizado. Também é costume enviar poesias, contos e crônicas para concursos apenas retirando o nome do verdadeiro autor e transferindo a autoria para si.
Quem está acostumado a participar de júris aprende depressa a identificar os plagiadores. Conheço uma pessoa que participou de uma banca de jurados noutra cidade e encontrou uma poesia de sua autoria concorrendo ao prêmio. Imediatamente entrou em contato com o plagiador que afirmou desconhecer que copiar uma poesia que gostou poderia ser um ato criminoso. Eu mesma, já tive uma poesia de minha autoria plagiada e publicada em jornal. A gente nem acredita quando começa a ler e pensa: conheço isso de algum lugar... Falta de criatividade, incapacidade ou mau caratismo mesmo?
Se o júri não for capacitado e não tiver conhecimento de algumas artimanhas, acabará selecionando plagiadores, e por conseguinte, criando fraudes e deixando de premiar quem realmente merece.
Os professores deveriam orientar seus alunos quanto a essa prática e incentivá-los sempre a escreverem textos próprios. Podem até se basear no estilo de um autor, mas não literalmente copiá-lo. Já está mais do que na hora de iniciarmos uma campanha nesse sentido, já que existe a lei de direitos autorais. Citações devem vir sempre acompanhadas de aspas e o nome do autor.
Muitos dos que escrevem para jornais copiam trechos inteiros sem citar a fonte. Talvez por preguiça de criar algo inédito ou por falta de inspiração. Em qualquer dos casos, melhor deixar para escrever num dia mais inspirado.
A escritora Silvana Duboc escreveu acerca dos plagiadores: “Eles têm nome, chamam-se ladrões de poesias. Gente que não teve a sorte de ser agraciada por Deus com a inspiração. Chamam-se autor desconhecido se preciso... Assim, arrancam nomes de autores de textos e poesias e lançam os seus com tamanha heresia, que nem sequer se dão conta do seu grau de patifaria. Coitados deles que acreditam mesmo que são donos daquilo que muitas vezes nem sequer sabem interpretar. Jamais Vinícius assinou algo de Veríssimo e nem Lispector de Cora Coralina. Pobre do ladrão de poesias, aquele que por não saber criar as suas próprias fantasias, vive a surrupiar as emoções que diante de seus olhos vê passar. Eles têm fome, têm gana de ser o que não são, mas acima de tudo, eles não têm perdão.”
Concordo plenamente com ela. Plagiar é um ato repulsivo que não deve ser tolerado. Só demonstra incapacidade e falta de traquejo na escrita.
Autor deconhecido não existe
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