Rio Piracicaba

Rio Piracicaba
Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

Diretoria 2025/2028

Presidente: Raquel Araujo Delvaje Vice-presidente: Vitor Pires Vencovsky Diretora de Acervo: Christina Aparecida Negro Silva 1a secretária: Elisabete Jurema Bortolin 2a secretária: Ivana Maria França de Negri 1o tesoureiro: Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto 2o tesoureiro: Edson Rontani Junior Conselho fiscal: Antonio Carlos Fusatto Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal Cássio Camilo Almeida de Negri Jornalista responsável: Evaldo Vicente Responsável pela edição da Revista: Ivana Maria França de Negri Conselho editorial: Aracy Duarte Ferrari Eliete de Fatima Guarnieri Leda Coletti Lídia Sendin Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins

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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mais histórias de Ariranha

João Umberto Nassif
Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
                          
Chico Mola, nascido e batizado como Francisco José da Cruz, era o mais velho dos sete irmãos. Nega Tereza era mulher de fibra, quando o safado do Oscarlino se engraçou com a mulatinha Zuza, que lavava roupa na barranca do rio, coxas grossas, a paixão desvairada mudou a vida da família. Nega Tereza, cheia de razão colocou os dois desavergonhados para correr. Ficou a criançada, uma escadinha de sorrisos fáceis, alvos, barriga vazia, se não fosse a ajuda do padre e dos vizinhos todos estariam na cova. Nega Tereza passou a fazer de tudo, faxina, à noite ajudava na cozinha de um bar e restaurante, lá ela ganhava um pouco mais de comida para levar aos famintos bacuris. Como na vida tudo se ajeita, o tempo vai curando feridas, consertando estragos, André Maquinista arrumou um emprego para Chico Mola. Ajudante de cozinha no vagão restaurante. Com a prática de quem servia mais seis irmãos enquanto a mãe trabalhava fora, logo Chico Mola tornou-se elemento fundamental na cozinha do vagão restaurante. O que matava era o calor, o uniforme, tudo isso naquele cubículo, com fogão quente. Os passageiros queriam ser bem servidos, aproveitarem da vista que o vagão oferecia, um ou outro, tomava um chope sentado em uma das banquetas, e logo saia. Filé com fritas, feito pelo Chico Mola era o prato sem concorrência. Uma noite escaldante, o trem deslizava enquanto os passageiros sentados em uma mesinha, bebericando um vinho, lendo “O Cruzeiro”, ou discutindo a bolsa do café. Chico Mola não aguentou mais, tirou o jaleco branco e ficou de camiseta regata. Desse dia em diante era assim que ele passou a cozinhar. Com uma toalha enrolada no pescoço limpava a fronte do suor. Francisco Aragão Menezes era um jovem, filho de afamado cafeicultor. Era sujeitinho intragável. Possuía uma caderneta que levava no bolso, com endereços das mariposas de plantão, que o atendiam com muito amor ao recheio da sua carteira. Nariz arrebitado, usava uma bengala mais como adereço do que por necessidade, enlouquecia os alfaiates para dar o caimento perfeito naquele corpo franzino. Cabelos impecáveis, assentados com vaselina perfumada, era uma cópia latina de alguém que se julgava autêntico cidadão britânico, graças aos anos que lá viveu enfurnado em bordéis. Com muito custo diplomou-se, dizem até que o equivalente a muitas sacas de café foram doadas para a universidade se ver livre de tal espécime. Sentado em confortável mesa, Francisco Aragão Menezes, também conhecido, sem que soubesse, por Dr. Vaselina, pede um vinho raro, Château Margaux 1900, de que por dessas coincidências incríveis existia em estoque uma única garrafa, ninguém tinha tido coragem de pagar o seu preço. Servida a bebida, a entrada, o prato principal: Filé com fritas. Um silêncio mortal reinou no vagão quando Dr. Vaselina esbravejou: “Esse filé está mal passado, o boi está quase berrando”. Imediatamente, o chefe de cozinha levou o filé para que Chico Mola o deixasse no ponto. Alguns minutos depois, o impaciente Dr. Vaselina degustou o melhor filé com fritas da sua vida. Mal sabia que antes de se levado para a chapa, Chico Mola, tinhoso, tinha adicionado o suor que escorria do seu rosto ao filé mal passado. Ainda embolsou cinco mil réis como gratificação.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eu erro, tu erras, ele erra...

Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33
Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
      Erros, erratas, revisores, um assunto que sempre vem à baila nas reuniões literárias. Para um escritor, constatar um erro numa publicação, quer seja de digitação, descuido ou falta de revisão, é motivo de muita angústia, já que um deslize publicado é praticamente impossível de consertar. Mesmo que erratas sejam providenciadas posteriormente, nem todos as leem, e o erro perpetua-se quando impresso em livros com centenas ou milhares de tiragens.
            Há anos coleciono recortes de jornais, revistas e outras publicações com erros de todo tipo, até em textos de autores consagrados e famosos, e dos mais conceituados jornais como o Estadão e a Folha.
Antigamente o serviço de um revisor era de primordial importância e os deslizes, imperdoáveis. Já hoje, com o corretor de texto do Word - nem sempre confiável - e com a ajuda de programas instalados para esse fim, tornou-se dispensável o trabalho do revisor.
            Nas redes sociais a rapidez da digitação faz com que as pessoas abreviem ao máximo as palavras, e surge uma nova linguagem, totalmente deturpada e indigerível para quem gosta de um texto bem elaborado.
            Para os poetas, erros em poemas são um martírio, pois podem mudar  completamente o sentido de um verso.
            Lembro-me de um poema meu que foi publicado com um erro de quem o digitou. Uma simples inversão de letras, e saiu “olhos da lama”, quando o correto seria “olhos da alma”. Foi um desastre porque mudou totalmente o sentido da poesia. Fiquei mortificada.
            Desastre maior aconteceu quando faleceu a grande poetisa piracicabana, Maria Cecília Bonachella, e a página que ela coordenava teve edição especial em sua homenagem com poemas dos inúmeros amigos poetas. Por uma falha, até hoje não sei por qual razão, todas as palavras acentuadas desapareceram. O resultado foi catastrófico. Ninguém se conformava. Um amigo poeta, que compôs um poema especialmente para a data, me ligou logo pela manhã, assim que leu o jornal, dizendo: “não sei se rio ou se choro!”. O poema dele tinha o título “Poetando no céu”. Retirem a letra acentuada para terem a real dimensão da tragédia...
Outros poemas tinham títulos como “O vôo da poetisa” e saiu publicado “O vo da poetisa”. No dia seguinte republicaram a coluna, desculpando-se com uma pequena errata, mas a tragédia já tinha se consumado e ninguém nunca se esqueceu do episódio.
Erratas à parte, sei que eu erro, tu erras, ele erra, nós erramos, vós errais e eles também erram. É claro que todo mundo tem o direito de cometer um vacilo, pois somos humanos e falíveis. Mas depois deste artigo, tenho a alma (e não a lama!) lavada.
E que atire a primeira pedra quem nunca cometeu um só deslize no manejo da nossa “última flor do Lácio inculta e bela”. E viva Bilac!









domingo, 18 de novembro de 2012

Falecimento - Prof. Samuel Pfromm Netto



Aos amigos Acadêmicos informo, com muito pesar, que faleceu ontem, em São Paulo, nosso querido amigo Prof. Samuel Pfromm Netto.
Seu corpo está sendo sendo velado aqui em Piracicaba, no Cemitério da Saudade, onde será sepultado hoje, domingo, às 17 horas.
Rezemos pelo descanso de sua alma.


Armando Alexandre dos Santos

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Homenagem aos 110 anos de Carlos Drummond de Andrade



Um rapaz sem coração e uma pedra no meio do caminho
Homenagem aos 110 anos de Carlos Drummond de Andrade
  
Olivaldo Júnior

            Era um jovem que sonhava em ter amigos e viver a vida que todos tinham. Não conseguia ter mais que o sonho de ser igual a todos que ele via pelas ruas, pelas casas, nas calçadas, em que ele mesmo era inóspito. Estrangeiro não é só ser de outra pátria em terra estranha, mas ser estranho em própria terra. A terra era a casa em que Deus o pusera. Deus era o maior poeta que ele conhecia. Soube o que era poeta, na escola em que tentava estudar. Digo tentava, porque ele fazia os seus próprios conceitos de tudo o que via e que havia no mundo. Nada era aceitável sem que assim o fizesse. - Oh, rapaz!
            Aquele homem, como todos os outros, levava um coração que vivia contando o tempo no peito, onde guardava o mágico sentimento do mundo. Mas coração, principalmente o daquele jovem, era coisa frágil, bem fácil à quebra. Um dia, honrando a quadrilha que gira em sentido oposto ao que se quer, deixou cair seus olhos no abismo insólito de outro alguém e... zás! Era uma vez a rosa do povo, o coração de um ser poético! Tristeza, mágoa e rancor, pois nem mesmo as sete faces de um texto podem dar conta de expressar o rosto de um rapaz ao chão. A chama de um verso calhava no peito que o fazia sentir. A pedra no meio do caminho estava lá. Lançou-a no rio da infância, mas ela nem tchum, e, ao tchibum!, tratou de voltar à tona e, num passe de mágica, pôs-se no meio do caminho de um homem, como todos os outros, exposto ao impossível ter. Ter é trazer nas mãos as mãos daqueles que se amam. Amar de longe é sonhar. Amava.
            O jovem, por ter quebrado o coração, ficou sem tique-taque marcando o ritmo no peito inerte. Deu para a escrita, contando o passo dos sons da vida. Poesia é assim mesmo, sublima, sublinha, subterfoge pelas rimas, sem os rumos que amarram. Marca de estilo. Assim que viu a pedra, ele, que já não tinha coração, tratou de pegá-la logo, pois não era tão grande como se pensa. Num ingênuo pedrisco, pode-se arranhar e maltratar os pés. Pesa, pesa mais que a mão de uma criança esta pedra, este mundo, ó Drummond! Ele, o rapaz de nossa história, bem sabia disso que escrevo. Foi assim que, com a pedra nas mãos, tratou de ferir o dedo indicador num dos espinhos de uma rosa aberta no quintal da mãe. O sangue, a essência rubra de uma vida em xeque, tocou e penetrou na pedra que, no meio do caminho daquele jovem, só tivera feito cinza o mundo em cores. Corada, vermelha pelo sangue azul de um escritor de estirpe, a pedra foi sorvida, engolida pelo pobre rapaz que fazia versos. Versos são restos de vida em reciclagem. A mesma que o jovem fazia da vida, sempre insossa quando fora de estrofes. Viva as metáforas! Não, não fora deglutida a pedra em rubro que ele a um canto engoliu. Quando dentro, tomou seu rumo, ficou no peito, drummondiana, em paz.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DAMA DA NOITE

Leda Coletti- Cadeira no 36
Cadeira n° 36 - Patrona: Olívia Bianco

Suntuosa,
exclusiva,
na calada da noite
ela vela
perfumando
o sono da madrugada !


terça-feira, 13 de novembro de 2012

BRINCADEIRA DE GENTE GRANDE




(Redação Vencedora do CONCURSO DE REDAÇÃO E DESENHO, promovido pelo ROTARY na 2ª Semana da Ética, premiada na sessão solene em 15/10/12 na Câmara dos Vereadores de Piracicaba)
                                                                                                                                                                 
Suzete Brossi *

                Não precisamos de projetos grandiosos e mirabolantes, mas de ações simples e práticas, capazes de motivar, ao menos, uma pessoa a fazer o mesmo. Num mundo complexo e complicado, revestido por máscaras sociais, a seriedade se evaporou e tudo vira motivo de brincadeiras e chacotas comumente encontradas nas variadas redes sociais, um meio rápido, fácil e extremamente abrangente para a criação de correntes.
                A proposta presente no livro de Catherine Ryan Hyde, A Corrente do Bem, evoluiu para um filme e chegou à realidade, agora, como um movimento concreto;  porque não levá-lo às redes sociais? Afinal, a maioria das correntes, falsas ou verdadeiras, nasce de uma brincadeira, inocente ou não, e, neste caso, pode nascer de uma história. Uma corrente para o bem está associada às boas atitudes feitas no dia-a-dia, ligadas às gentilezas, ao senso de comunidade, à cidadania, às ações divertidas e rápidas, praticadas nas próprias redes sociais, por quaisquer grupos ou pessoas. Um movimento de todos, para todos, pois a felicidade individual aumenta quando o mundo à nossa volta está bem.
                No filme/livro, o protagonista ensina que ao fazer boas ações para três pessoas e essas replicarem para outras três, é possível gerar uma grande e firme corrente do bem. Nós também podemos fazer isso nas redes sociais, é fácil e, quando ajudamos, tudo torna-se satisfatório, além de ser uma forma de alcançar pessoas de todo o mundo em pouco tempo, sem grandes dificuldades, disseminando ideias boas em uma velocidade incrível, uma verdadeira corrente capaz de ligar desde nações opostas ou, simplesmente, vizinhos. Da mesma maneira, podemos tuitar algo benéfico e criativo para pacientes no doepalavras.com.br, apadrinhar uma criança pelo Fundo Cristão em internetsegura.apadrinhamento.org.br, ou colaborar com as decisões que estão sendo tomadas no Brasil através do votenaweb.com.br,  ampliando nossa corrente para o bem online.
Dizem alguns que “boas ações não se mantêm com apenas boas intenções”, de fato, as correntes do bem nas redes sociais também exigem planejamento,  pensar em ações a médio e longo prazos, aplicáveis e significativas, mas que podem começar conosco, pois de acordo com os versos de Gabriel, o pensador : “... quando a gente muda, o mundo muda com a gente” . Esse é o princípio das redes sociais com foco no bem coletivo: diversão e praticidade para o bem-estar social.
Então, feche os olhos e pense em três pessoas, entre nas redes sociais e faça, junto com elas, elos de uma corrente para o bem, uma brincadeira de gente grande.

 * Suzete Brossi é aluna do 2º ano EM do Colégio Salesiano Assunção de Piracicaba – aulas de redação da profª Christina A. Negro Silva

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cent´anni...



Homenagem muito carinhosa a D. Olga Marins Marchiori, que nasceu no dia 10 de novembro de 1912 e completa hoje, felizmente, seu primeiro século de existência, gozando de boa saúde e ótima disposição.
Nossos cumprimentos a D. Olga, que é mãe do Acadêmico Gregório Marchiori Netto, titular da cadeira número 28 da Academia Piracicabana de Letras.

sábado, 10 de novembro de 2012

Acadêmico doa obras de renomados pintores ao Museu Luiz de Queiroz


Francisco de Assis Ferraz de Mello
Cadeira n° 26 - Patrono: Nelson Camponês do Brasil
Catálogo com algumas das obras que pode ser encontrado no Museu da ESalq
Abertura da exposição com algumas das obras doadas. Presença de Creuza Caixeta, Margarete Zenero, Ivana Negri e Carmen Pilotto prestigiando o evento

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CLARABOIA

 Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto
Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara

“Eu pinto o que penso, não o que vejo”
Pablo Picasso

Um mergulho no vácuo do contemporâneo
Traz uma dimensão de não-linear assustadora
E a ordem inversa dos valores
Leva o homem ao desequilíbrio da própria espécie
Neuroses
Esquizofrenias
Síndromes
Atopias
Sintomas de uma mente perturbada

Com o diagnóstico já predestinado
A alma escapa para outro quadrante
Na busca de luz própria
Que o faça sobreviver à Vida 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

8º Concurso de Contos e Crônicas - 10º UNICULT

 Carla Ceres Oliveira Capeleti
Cadeira n° 17 - Patrona: Virgínia Prata Gregolin 


 Com o conto: “Subsolo na garrafa”, a acadêmica Carla Ceres Oliveira Capeleti classificou-se em primeiro lugar no 8o Concurso de Contos e Crônicas no 10o UNICULT e também pegou o 90 lugar com o conto " Mirante dos Esquecidos". Parabéns duplamente!

domingo, 4 de novembro de 2012

Um rapaz sem coração e uma pedra no meio do caminho Homenagem aos 110 anos de Carlos Drummond de Andrade


Olivaldo Júnior

            Era um jovem que sonhava em ter amigos e viver a vida que todos tinham. Não conseguia ter mais que o sonho de ser igual a todos que ele via pelas ruas, pelas casas, nas calçadas, em que ele mesmo era inóspito. Estrangeiro não é só ser de outra pátria em terra estranha, mas ser estranho em própria terra. A terra era a casa em que Deus o pusera. Deus era o maior poeta que ele conhecia. Soube o que era poeta, na escola em que tentava estudar. Digo tentava, porque ele fazia os seus próprios conceitos de tudo o que via e que havia no mundo. Nada era aceitável sem que assim o fizesse. - Oh, rapaz!
            Aquele homem, como todos os outros, levava um coração que vivia contando o tempo no peito, onde guardava o mágico sentimento do mundo. Mas coração, principalmente o daquele jovem, era coisa frágil, bem fácil à quebra. Um dia, honrando a quadrilha que gira em sentido oposto ao que se quer, deixou cair seus olhos no abismo insólito de outro alguém e... zás! Era uma vez a rosa do povo, o coração de um ser poético! Tristeza, mágoa e rancor, pois nem mesmo as sete faces de um texto podem dar conta de expressar o rosto de um rapaz ao chão. A chama de um verso calhava no peito que o fazia sentir. A pedra no meio do caminho estava lá. Lançou-a no rio da infância, mas ela nem tchum, e, ao tchibum!, tratou de voltar à tona e, num passe de mágica, pôs-se no meio do caminho de um homem, como todos os outros, exposto ao impossível ter. Ter é trazer nas mãos as mãos daqueles que se amam. Amar de longe é sonhar. Amava.
            O jovem, por ter quebrado o coração, ficou sem tique-taque marcando o ritmo no peito inerte. Deu para a escrita, contando o passo dos sons da vida. Poesia é assim mesmo, sublima, sublinha, subterfoge pelas rimas, sem os rumos que amarram. Marca de estilo. Assim que viu a pedra, ele, que já não tinha coração, tratou de pegá-la logo, pois não era tão grande como se pensa. Num ingênuo pedrisco, pode-se arranhar e maltratar os pés. Pesa, pesa mais que a mão de uma criança esta pedra, este mundo, ó Drummond! Ele, o rapaz de nossa história, bem sabia disso que escrevo. Foi assim que, com a pedra nas mãos, tratou de ferir o dedo indicador num dos espinhos de uma rosa aberta no quintal da mãe. O sangue, a essência rubra de uma vida em xeque, tocou e penetrou na pedra que, no meio do caminho daquele jovem, só tivera feito cinza o mundo em cores. Corada, vermelha pelo sangue azul de um escritor de estirpe, a pedra foi sorvida, engolida pelo pobre rapaz que fazia versos. Versos são restos de vida em reciclagem. A mesma que o jovem fazia da vida, sempre insossa quando fora de estrofes. Viva as metáforas! Não, não fora deglutida a pedra em rubro que ele a um canto engoliu. Quando dentro, tomou seu rumo, ficou no peito, drummondiana, em paz.



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Toque mágico


Cezário de Campos Ferrari
Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz do Amaral
        
As ideias são, provavelmente, como inúmeras estrelas amontoadas entre nuvens e miragens. Elas estão lá, distantes, ocupando cada uma o seu lugar no ordenamento do cosmos. Inalcançáveis algumas durante um longo tempo, até que alguém descubra o seu brilho e, tendo-a dominada em suas mãos, a exiba para conhecimento coletivo; fáceis de encontrar outras tantas, daí se tornam comuns, simples, meras. Quando, repentinas como uma aparição, elas explodem e surgem maravilhosas, o mundo as recebe eufórico e delas faz uso deixando-as expostas, à vista, e já então tais ideias tomam o nome de seus desbravadores e se tornam propriedade humana. As ideias renovam a existência e dão um novo alento, alegrando e trazendo o ardor de diferentes luzes, e o seu brilho enche o espaço, ocupa posições, apaga a escuridão da ignorância. Por que o não-conhecer é o mesmo que não ver, tal qual o ser sem saber, o estar vivo quase sem perceber. Completa cegueira, enfim. O mundo necessita, sempre, de ideias recém-brotadas, de novidades oriundas das tempestades cerebrais que trazem a lume um conjunto de benefícios para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Sem isso, desprovido desse vislumbre e dos devaneios dos visionários, é perceptível uma estagnação capaz de retardar a evolução do homem, o que faz com que tudo se assemelhe, destarte, a repetitivos momentos de mesmice, a todos cotidianos niilistas e sem a menor graça. E o nada é somente escuridão, espelho do vazio, vereda tolhida por demasiados óbices, letras borradas, visão sobejamente turva. Por sua vez o aquilo de sempre, o mesmo deprimente e suas vertentes habituais tornam o dia após dia meio que nulo e descolorido, pois a revelação e a surpresa são inesperadas pérolas de mudança imprescindíveis e sempre bem-vindas. Estar vivo é não apenas aguardar a passagem do tempo, mas se possível tentar moldá-lo, fazê-lo trabalhar em nosso prol, procurar escolhas diferentes, pintar a lua de vermelho, por exemplo, cobrir o sol com a mão, pintar as nuvens com cores abstratas, torná-las multicolores, o sui generis enfim. Daí o turbilhão de ideias ser o algo mais, aquele sub-reptício toque mágico capaz de conquistar e cativar, de acender fogueira ao redor das geleiras, de sonhar voando porque  asas surgiram do além-imaginado, de andar de bicicleta no espaço como numa aeronave e tendo como moto propulsor apenas a força do pensamento e da fantasia. O horizonte é vasto, sem dúvida. Ter novas ideias é repensar a rotina, trabalhar a mente para que permaneça sempre jovem e ativa, é fazer do diferente e do estranho o igual e o interessante. Fará a sociedade sorrir e ser melhor. Sejam, então, as ideias almejadas a todo instante, procuradas como se busca inteiramente um tesouro por demais precioso. O objetivo é, conforme está explícito, o discernimento do oculto, vasculhar o escondido, avistar novos horizontes. E que venham abundantes, em cascata para nos deixar, a um só tempo, atônitos e encantados, sorridentes, felizes, também ansiosos por muitas ideias, todos os dias, na vida de cada um dos senhores formandos.
               Finalizando, quero lembrá-los de que essa vida, pela qual somos os responsáveis, não nos é dada feita, prontinha como um programa de televisão, que podemos apreciar, sem muito esforço pessoal, confortavelmente numa poltrona... Grande parte dela começa a partir de hoje, com a formatura de cada um dos senhores.
 Que Deus abençoe a todos. Boa noite...

Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Marcelo Pereira da Silva - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Eliete de Fatima Guarnieri - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz